De certa forma, eu sempre enxerguei as motos como blindados
de guerra. Antes que alguém saia falando que este é um blog de loucuras,
explico: o que uma coisa tem a ver com a outra é a transmissão.
Será mesmo que não tem nada a ver? Uma "Panzer Bike", moto alemã blindada na Segunda Guerra Mundial (Daily Steampunk)
Motos são veículos propelidos por correntes metálicas que por
sua vez tracionam rodas pneumáticas, com força motriz advinda do motor. Os
blindados ou carros de combate, popularmente conhecidos como ‘tanques’, são
veículos igualmente movidos por correntes ou ‘lagartas’ metálicas, embora sejam
mais largas e com rodas dentadas com proporções igualmente maiores em relação
às de uma motocicleta.
No mais, a diferença fica apenas no armamento e na
blindagem. Motos basicamente são veículos cujas ‘lagartas’ ao invés de tocar o
chão, transferem o atrito com o solo para pneus de borracha. Quem nunca viu um snowmobile? A grosso modo, ele é uma
espécie de motocicleta cuja corrente foi expandida para movimentá-lo em contato
com o chão.
O conceito melhorado da Panzer Bike: faltou apenas ser custom (Mercenaries Wiki).
Mas porque estou falando sobre isso? Primeiramente, porque
sou apaixonado por blindados, especialmente os da Segunda Guerra Mundial
(seguindo minha escola da velha e boa tecnologia de meados do século XX).
Depois, porque o Brasil não conta com um blindado de peso, literalmente, para
fazer frente a diferentes supertanques que já estão no arsenal de vários
países: na Rússia, o Armata, na Alemanha, o Leopard, nos EUA, o M1 Abraham,
etc.
Para vocês terem ideia, nesse exato momento, tanques daquele
conflito como os soviéticos SU-85 e lendário T-34 estão operantes em conflitos
no Yemen e na Síria, assim como o formidável Panzer IV alemão; ao mesmo tempo,
o M4 Sherman americano desfila em paradas militares no Uruguai e Argentina.
Motocicleta de 4 toneladas construída com o motor de um blindado russo T-34 - Parece que falar sobre motos e blindados ao mesmo tempo não é tão absurdo (CBR Forum).
O Brasil produziu no passado os famosos Cascavel e Urutu, através
da empresa Engesa, falida em 1993. Esses veículos, no entanto, estão mais para
carros de combate leves de apoio à Infantaria, movidos por pneus de borracha ao
invés de lagartas. Recentemente, houve uma iniciativa do governo brasileiro de
construir um blindado atualizado em pé de igualdade com os grandes tanques das
grandes potências, mas o projeto apresentou uma falha inicial que comprometeu o
projeto: várias partes distintas do blindado eram produzidas por um país
colaborador diferente, o que inviabilizou os custos de produção e manutenção.
Se existe uma coisa boa em meio a tudo isso, é que o Brasil
dispõe de matéria-prima e siderurgia – o básico para se construir um tanque,
além de fábricas de armamento – a CBC e a Imbel, por exemplo. O que falta é uma
empresa com competência suficiente para orquestrar todos os colaboradores e levar
a cabo um projeto para fazer o novo blindado brasileiro funcionar à altura de
seus rivais no exterior.
Na verdade, tal tecnologia tem sido a grande barreira para
um novo tanque brasileiro – é que os projetistas (se existem) pensam em
blindados à maneira dos russos e dos alemães, que estão a anos-luz de tecnologia
e experiência do que o Brasil nesse tipo de armamento (em todos, na verdade).
Mas isso não significa que não podemos construir um blindado para rivalizar com
os outros – como eu sempre digo, tecnologias ultramodernas podem ser muitas das
vezes uma desvantagem.
Então, ao invés de tentar imitar os moderníssimos blindados
de fora, fiz um desenho básico de um tanque pesado com tecnologia simplista,
que mesmo assim pode sair no pau com qualquer blindado moderno com grandes
chances de se dar bem.
Eu não sou nenhum Ferdinand Porsche ou projetista da
Henschel, mas não sou um ignorante completo no assunto. É um projeto que
agradaria talvez o próprio Hitler, o maior obcecado da História por
supertanques. Mas não chega a ser o caso– com dimensões de 6 x 4 x 3m,
blindagem variando de 200 a 300mm, canhão de 100mm, com o peso aproximado de 40
toneladas, é um tanque que tenta conciliar boa blindagem, grande poder de fogo,
e mobilidade, as três qualidades essenciais de um bom blindado de lagartas, o
que geralmente é bem difícil de conciliar.
Ao contrário do Armata dos russos, considerado o melhor
tanque da atualidade, com blindagem ativa, sistema automatizado de defesa e
totalmente informatizado, com cápsulas de proteção interna para tripulantes,
dentre outros atributos, elaborei um conceito que poderia ser construído por
qualquer fábrica de tratores, com uso bem restrito de informática, e mecânica
bem simples.
Blindado Brasileiro "Sapo": com tecnologia basicamente da Segunda Guerra, seu grande trunfo é a articulação da torre totalmente oculta no chassi, eliminando um dos maiores pontos fracos dos blindados. Outra fraqueza eliminada é a blindagem superior, com 300mm de liga aço-titânio e totalmente inclinada, o suficiente para conter os letais ataques aéreos.
Os itens mais complexos seriam:
·
A inovadora lagarta de polímero: pensei em
conciliar as vantagens do pneu com a esteira metálica, haja vista que esta
apresenta grandes complicações quando se rompe – uma esteira a base de Kevlar,
borracha e cabos de aço não parece ser algo tão complexo de produzir, e no
blindado faria grande diferença, evitando ruptura total com a elasticidade da
borracha reforçada com a resistência do Kevlar. No mais, seu reparo e
substituição seria mais simples do que a lagarta metálica convencional.
·
A blindagem de 300mm de liga aço-titânio –
talvez essa liga só seja possível na minha mente, do contrário estaria ao
alcance de qualquer siderurgia. Com o advento de aviões mais velozes e caças a
jato, os blindados se tornaram alvos fáceis de foguetes munidos com uma lança
de titânio capaz de penetrar qualquer blindagem. Então a liga, somada à
espessura da blindagem e sua inclinação, o blindado brasileiro ‘Sapo’ teria
mais chances num campo de batalha.
·
Sistema automático de defesa – qualquer Núcleo
de Estágio em Engenharia da Computação de uma Universidade seria capaz de fazer
com que duas metralhadoras .30 fossem integradas a um radar e um centro de
orientação GPS criando assim um sistema capaz de movimentar e mirar as armas automaticamente
contra um foguete em aproximação. Essa seria a defesa principal do ‘Sapo’, principalmente
contra-ataque aéreo. Em caso de falha, a blindagem pronunciadamente inclinada entraria
em ação.
Em termos gerais, é o que um bom
blindado pesado precisa. Não interessa quantos softwares ele tenha dentro de
si, o que conta é se seu chassi e suas lagartas vão resistir ao fogo inimigo, e
se seu canhão vai fazer um bom estrago. O resto é desperdício de orçamento.
Não sei se é uma boa forma de
começar o ano falando de blindados num blog sobre motos, mas uma coisa eu tenho
certeza: lagartas finas ou grossas, uma boa moto tem que ser capaz de superar
qualquer obstáculo no caminho, justamene como um blindado.
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