terça-feira, 20 de dezembro de 2016

NOVO RECORDE E UMA FAÇANHA

Mais uma vez, precisei ir à capital resolver alguns assuntos. Obviamente, montei novamente na minha Intruder "Panzerkampfwagen" Turbo.

Não tive maiores problemas, a não ser o 'cooler' do lado esquerdo do bloco que se perdeu, certamente em decorrência da fragilidade do plástico frente ao atrito com o vento em alta velocidade (uma lição aprendida). Ah, e infelizmente, a rabeta trepidante com um pneu a 22 psi detonou mais uma lâmpada de farolete, graças à suspensão de apenas 26 cm... Uma questão a ser resolvida brevemente.

O que realmente importa é que as alteração que fiz na minha antiga Intruder 2014 me permitiram bater outro recorde Rio Verde - Goiânia, em 3 horas (da outra vez foi 03hs30min), mais uma vez sob chuva e gastando 66 Reais ida e volta, o que implica no consumo de cerca de 17 L, perfazendo uma média de 28 km/L.

Como na outra viagem, houveram trechos que precisei desacelerar, pois a moto ia já nos 120km/h e pedindo marcha. Também houveram momentos que eu consegui progredir somente com o auxílio da 4ª marcha, fosse por um aclive intenso, fosse pela ação de um vento extremamente forte e contrário.

Sobre as proezas da minha moto, não há muito mais o que dizer. Por isso, eu gostaria de narrar a experiência que tive não com uma moto, mas com um automóvel Chevrolet Agile 2012. Eu sempre respeitei a marca, eu já possui um Chevette e um Kadett, e nunca cogitei comprar outra marca. 

Mas isso foi no século XX. Aqueles carros não possuíam a intrincada tecnologia digital que se entrelaça em suas partes mecânicas, como é o caso do Agile, que tem sensores e circuitos tanto quanto um pc. Isso sempre me fez olhar o carro na garagem com desconfiança - ora, eu troquei o carburador à vácuo/ eletrônico BS25 exatamente para fugir das complicações que estes dispositivos representam.  Fato é que, quanto tive que usá-lo para levar alguém a uma ocasião especial, bastou que eu andasse 2 km para meus receios se concretizarem: o carro me deixou na mão. O câmbio entrou num estado de ponto-morto recorrente, de modo que eu consegui com muita dificuldade engatar a quinta marcha até chegar onde eu precisava à custa de muito malabarismo.

Carros e motos atuais são carregados de tecnologia que mais atrapalham do que ajudam (imagem: Tecnoblog).

Pelo menos, era fim de semana, e consegui estacioná-lo num estacionamento privado fora de expediente, enquanto fui cumprir minha agenda. No retorno, eu espera tocá-lo como pudesse para casa para então solicitar reparos, mas quando eu girei a chave, o carro simplesmente não ligou.

Não adiantou insistir, nem abrir o capô a procura de um problema detectável, nem checar bateria, nem fazer chupeta, nem nada. O Agile nem sequer se trancava. Felizmente, era segurado, acionei o guincho e assim foi levado para casa.

Quando levado para reparo, ficou constatado que um cabo de aço rompido ligado à caixa de câmbio era a razão do problema. Mas a dúvida persistia: isso foi responsável pela pane geral também? Talvez devido a uma programação inteligente para preservar o resto do veículo...

Mas, sinceramente, eu preferiria ir para debaixo do carro e poder fazer uma coisa, um improviso qualquer ou a velha teimosia que me levasse até em casa sem ter que terceirizar isso.

Rio Verde não é uma cidade conhecida pelos feitos de seu povo, mas no começo do século passado havia aqui um homem chamado João. Ele foi o primeiro rioverdense a possuir uma automóvel, um Ford modelo 'T'. Como naquela época não havia estradas pavimentadas, certa feita, ele quebrou a suspensão do carro numa estrada de terra. Totalmente desassistido e à própria sorte, João não podia deixar o carro nos ermos e voltar à pé à distante Rio Verde. Então ele teve uma ideia, substituindo a peça quebrada por uma forquilha de madeira retirada de uma mata próxima fixada no eixo do carro com o arame farpado tirado de uma cerca.

Quando finalmente retornou a Rio Verde e foi até a concessionária Ford para consertar definitivamente o seu carro, os mecânicos ficaram surpresos com a inventividade do Sr. João. O modelo da peça que ele fez foi repassado para os engenheiros norteamericanos, que acabaram incorporando-a nos 'Ts' fabricados dali em diante. O Sr. João ganhou o crédito e recompensas, inclusive o direito de ser chamado como "João Ford" (até hoje existe um hotel chamado 'Ford', pertencente a parentes do Sr. João).

O rioverdense João Ford (centro). Sua inventividade lhe garantiu reconhecimento e honrarias (Imagem: www.revistaking.com.br)

O norteamericano Henry Ford, o criador do modelo 'T'. Conta-se que ele pessoalmente enviou um de presente a João 'Ford' pela sua invenção (Imagem: www.revistaking.com.br).

Voltando às motos, vale o mesmo exemplo e ideia, pelo menos para mim. A façanha de João Ford nos prova que a tecnologia deve nos servir, e não o contrário. Mesmo quando algo sai errado, ainda é possível extrair um aprendizado e, quem sabe, criar algo que possa tornar tudo melhor e interessar alguém.

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