No
post anterior, mostrei como resolvi o problema de secagem da cuba que minha
Intruder 125 vinha apresentando desde que fiz as modificações ‘turbo’ descritas
até aqui.
Mas
as alterações na alimentação de combustível fez mais do que impedir que a
gasolina no carburador baixasse a um nível crítico em altas rotações. Um dia,
fazendo um procedimento no pistonete, percebi que o interior do cilindro estava
umedecido com gasolina, algo anormal. Comecei a suspeitar que não apenas a nova
alimentação tinha ido além do esperado.
Removi
a vela, que estava tão marcada de fuligem quanto a minha vela original comum (a
atual é de Irídio). Para os padrões de uma vela de Irídio, que possui um alto
poder de queima, em geral as marcas de combustão são bastante discretas.
Vela Iridium: figura de uma boa queima, embora tais velas guardam poucos vestígios de combustão.
Então
resolvi fazer um teste: usar novamente o filtro de ar de baixa densidade, ou ‘superesportivo’,
como eu costumo dizer.
À direita, filtro de baixa densidade 'poliesportivo'.
Interior filme Poliuretano/ Poliéster
Esse
filtro é feito manualmente por mim mesmo, com espuma de poliuretano (a mesma do
original) com uma camada de poliéster numa das faces, com uma espessura total de
5mm (ver Turbo Upgrade).
Espuma de Poliuretano com filme de Poliéster.
Quando
removi o original da moto, tive uma nova surpresa: a parte do filtro que fica
alinhado com o tubo que leva ao carburador estava com uma mancha úmida de
gasolina.
No centro, mancha de gasolina no filtro original.
Montei
o novo filtro, e rodei (5ª marcha):
Subida
20° 100km/h – 9.000rpm
Subida
10° 105 km/h – 9.500rpm
Plano
– 110km/h – 10.000rpm
Descida
– 120 km/h – 10.500rpm
Repeti
a bateria de testes, e colhi os mesmos resultados. Mas o que decidiu tudo foi a
nova checagem da vela: Ao contrário das outras vezes que usei o filtro de baixa
densidade e a mistura se mostrou pobre, dessa vez ela se mostrou equilibrada
através de uma vela com uma discreta redução de seu aspecto fuliginoso.
Leitura da vela após o filtro superesportivo: traços mais discretos.
O
sucesso do retorno do filtro superesportivo, além da otimização do sistema de
alimentação da moto, se deve em parte à tampa do filtro de ar, que antes teve
seus pinos alongados para que o coletor ficasse mais exposto. Dessa vez, a tampa
foi encaixada com os pinos em seu tamanho normal, de moto que o acesso ao
coletor ficou mais restrito, evitando que o motor ficasse saturado com ar.
Finalmente,
eu havia conquistado o desempenho que almejava, na verdade, um pouco mais:
ampliar os 11cv da moto de fábrica para 12,5 dos motores Intruder anteriores a
2007.
Na
verdade, para ser mais exato, consegui 12,93
Cavalos Puros (que saem na roda), que descobri através do seguinte cálculo
de Potência em Física, o qual chamo de ‘Potência Bruta’:
Pb:
179kg (peso total eu + moto) x 9,81 (constante gravitacional) x 1.000m
(distância percorrida)/45s (tempo)
Pb= 39.022 Watts (W)/ 746 (p/ conversão
em Cavalos de Força)=52,30 Cavalos
Brutos
Para
se chegar ao Cavalo Puro, no caso da moto original, o mesmo já está indicado no
manual, no caso da Intruder 125 2014, 11cv. Utilizando a mesma fórmula acima
com dados coletados com as configurações de fábrica da moto, temos 44,41
Cavalos Brutos. Assim, para se chegar a um valor aproximado do ganho de
Potência Pura com as alterações que implementei na alimentação de ar e de
combustível, basta fazer uma regra de três simples:
44,41cvb – 11cv
52,30cvb – x= 12,93cv
É
um cálculo grosseiro, mas é o único meio de saber se meu trabalho valeu a pena.
Somente com um Dinamômetro de Rolo é que eu dizer com exatidão a potência que a
minha Intruder desenvolve agora, mas é algo de que não disponho.
Mas
os fatos são claros: a mudança do ronco do motor, o aumento do consumo, que
estou medindo, as reações mais rápidas, a capacidade de andar com outras motos
mais fortes sem deixar nada a dever... No post Sede Gasolina, eu mostro como
125cc de gasolina possui energia o suficiente para mover aproximadamente uma
tonelada de peso. Isso me levou a acreditar que
minha moto tinha o potencial de mover meus 65kg a 110km/h numa rodovia,
quando ela mal chegava a 90km/h.
Tudo
isso mostra o que eu venho buscando e dizendo: a integração do todo. Pegar uma
moto limitada de fábrica e manipulá-la para extrair todo o seu potencial é um
processo de tentativa e erro, vamos lendo os sinais das peças e o comportamento
da moto, trocamos, apertamos, afrouxamos e ajustamos aqui e ali, criando um
pequeno caos apenas para provar que sempre é possível recuperar a ordem,
baseando-se em nada mais que paciência, método e persistência.
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