terça-feira, 11 de outubro de 2016

PAIR: TIRAR OU NÃO?

O Sistema Antipoluição Pair foi introduzido nas motos nacionais em razão da criação do ‘Programa da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares 3’ (PROMOT 3), introduzido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente em 2002, tendo em vista reduzir a emissão de poluentes pelo crescente número da frota de duas rodas no país, principalmente no ramo de serviços.

Válvula do Pair numa Intruder 125 2007 (círculo amarelo).

Na Intruder 125, o Pair basicamente faz o ar passar por uma válvula antes de ir para o carburador e para o motor (sim, o ar é injetado diretamente no bloco), fazendo assim com que o ar limpo seja misturado diretamente nos gases da queima do motor, diminuindo assim a percepção do monóxido de carbono na poluição - quer dizer, ele ‘mascara’ a poluição, já que a queima permanece a mesma.

Diagrama de funcionamento do Pair: o ar da caixa de ar é levado diretamente para a câmara de explosão.

Vale observar: Pair e Catalisador são dois dispositivos distintos, este vai no escapamento e de fato processa quimicamente o ar de modo a diminuir sua nocividade ao meio-ambiente.
A solução “inteligente” do Pair para passar pela legislação condenou os donos de Intruders 125 a partir de 2007 – o “encanamento” extra do Pair enfraqueceu o motor, por razões evidentes: a injeção direta de ar na câmara de combustão interferiu evidentemente na compressão do motor, levando-o à perda de 1,5 cv.

O QUE É PROMOT 3?

O PROMOT 3 foi a terceira fase da implantação do programa de controle de poluição, introduzido pela Resolução nº 297/2002 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). A legislação que fundamenta o PROMOT foi inspirada em leis europeias, com o objetivo de adequar a tecnologia das motos brasileiras aos padrões de poluição da Europa.
Acontece que a Europa é um continente com milênios de civilização e cultura, e o padrão de suas motos evoluíram por mais de um século, enquanto ainda estamos atrelados à falta de opção de motos japonesas/chinesas.

Em suma, o PROMOT 3 é mais um controle arbitrário do governo sobre o direito de posse do cidadão. Por mais que haja motos no Brasil, sua frota nunca poluirá mais do que a frota de carros e caminhões. Como sempre, o motociclista como lado mais fraco paga a conta, como já comentei no post YBR CUSTOM E DPVAT.

Somos forçados a comprar motos mais fracas e mais caras por uma série de burocracia, cálculos fantasiosos, e peças inúteis.

DESMONTANDO

O que eu mais gosto no Pair é que, ao mesmo tempo em que é inútil, é fácil de ser removido.

Pair desmontado.


Basta desconectar suas mangueiras e remover suas porcas normalmente, com o cuidado especial de tampar o plug da mangueira no coletor do carburador e o buraco no bloco, removendo o cano metálico do Pair substituindo-o por uma chapa de metal espessa o suficiente para selar o bloco.


Conexão com o bloco (duas porcas do lado do escapamento): selada com uma chapa metálica feita sob medida e bem apertada.

No coletor do carburador: vedação com uma mangueira de plástico com encaixe justo e uma ponteira de borracha na ponta.

Finalmente, a conexão na caixa de ar pode ser vedada com uma ponteira de borracha. Não é necessária nenhuma regulagem posterior na moto.
Em geral, dizem que a retirada do Pair acrescenta até 1cv na moto, isso não posso confirmar, de qualquer modo, a remoção do Pair é uma medida necessária para outras medidas para acréscimo de potência.

Conexão na caixa do filtro de ar (em vermelho): pode ser fechada com uma ponteira de borracha.

CONSEQUÊNCIAS

No funcionamento da moto, nenhuma. O pior que pode acontecer é alguma autoridade de trânsito durante uma blitz o parar e perceber a falta do Pair, e daí o autuar por trafegar emitindo poluentes acima dos limites, e por alterar as características de fábrica do veículo. Mas vejamos: primeiramente, ele precisa de um medidor da qualidade do ar para atestar se a falta do Pair de fato está fora da lei, ainda, ele precisa ser um perito em motos para saber se a moto daquele modelo já possui o Pair, etc. De resto, não é nesse tipo de detalhe que vão se fixar, portanto, ter ou não o Pair não faz diferença. Em nada.


Bons tempos os das Intruders 2004, que apesar do design custom tosco, estavam no auge de seus 12,5 cv... Para falar a verdade, as boas motos ficaram na década de 60,  70 e 80, 90, quando a mecânica pura era que dava as cartas e tínhamos outras opções além das limitadas montadoras sino-japonesas, sem mencionar que a gasolina era pura e o governo passava seu olho gordo e mau longe das motos.

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