O
meu projeto inicial de turbo para Intruder 125, inspirado no sistema SRAD das
motos de grande cilindrada esportivas da Suzuki (sistema de compressão de ar a
partir do ar coletado em altas velocidades), tinha uma falha elementar.
Embora
trouxe um acréscimo na velocidade final e na Potência bruta (a obtida pela
equação Peso x 9,81 x distância/ tempo), a respiração extra do motor,
considerando o volume aspirado com o novo coletor de ar, dava a impressão da
possibilidade de ganhos maiores de desempenho.
Mas
isso não seria possível com o turbo que idealizei, não se ele continuasse com o
mesmo filtro de ar.
Acontece
que o filtro de espuma de Poliuretano de alta densidade estava funcionando como
um ‘abafador’ do ar extra coletado pela velocidade da moto. Convém lembrar: o
SRAD das motos de alta cilindrada só apresenta resultados consistentes em
velocidades acima de 200 km/h (ver post IntruderTurbinada). Quer dizer, na Intruder 125cc, com o topo de velocidade nos
100km/h, o ar não conseguiria ser empurrado o bastante além do filtro para um
resultado além dos já adquiridos.
Basta
fazer um teste simples: pegue o filtro de ar da Intruder e sopre através de sua
espuma, tentando sentir o ar do outro lado. Difícil, não é, mesmo a plenos
pulmões? Agora imaginem o motor, que puxa o ar através da pressão negativa
gerada pela combustão, tendo que vencer a trajetória do coletor até a caixa de
ar e seu filtro metálico embutido e um filtro de espuma densa embebida em óleo.
Tela metálica dentro da caixa de ar da Intruder: um filtro embutido.
Considerando
esse panorama, o ‘turbo’ que idealizei fez milagres. Mas ainda que que ele
fizesse o ar entrar em força total no motor, este ainda teria problemas de
desempenho, devido ao empobrecimento da mistura com o excesso de ar. Esse
assunto será tratado em posts futuros.
Voltando
à barreira que o filtro convencional estava impondo ao sistema turbo, pensei: e
se eu fizesse um filtro que permitisse o ar vindo do coletor em alta velocidade
alcançar o motor com mais facilidade?
Primeiro
descobri a matéria-prima do filtro, que é o Poliuretano. Em seguida, fui para
uma loja de espumas e procurei até encontrar uma que fosse menos densa, fazendo
o ‘teste do sopro’.
Espuma de Poliuretano: matéria-prima do filtro de ar.
Alguém
pode perguntar: mas você vai colocar em risco o motor, pois uma espuma menos
densa vai permitir mais entrada de poeira e partículas.
Obviamente,
eu levei isso em conta, e considerei o seguinte: a eletricidade estática. Como
falo no post Intruder Turbinada – Resultados, a passagem do ar por
certas superfícies gera um efeito de eletromagnetização, fazendo que as partículas
simplesmente ‘grudem’ nelas. E há ainda outro detalhe: a espuma que escolhi, “Acoplada”,
possui um filme de poliéster no verso, garantindo mais um elemento filtrante.
Espuma de Poliuretano Acoplada, com filme de Poliéster no verso.
De
resto, há o filtro metálico embutido na parede da caixa do filtro de ar que sai
para o carburador. Quanto ao óleo, eu não o uso já há um tempo no filtro comum,
sem problemas, logo, não vou usá-lo no novo filtro (eu sempre achei esse
procedimento um tanto absurdo por parte da Suzuki, enfim, eu não sou Engenheiro
Mecânico, sou apenas um ‘DesEngenheiro’).
Então,
tirei o suporte da moto e a partir dele construí um novo filtro. Recortei a
espuma, montei as partes com ‘cola de sapateiro’, e fiz um filtro semelhante ao
original, porém mais fino e menor (por ser menos denso, com apenas 5mm de
espessura nas paredes)
Filtro original e novo filtro 'turbo': menor por ser menos denso.
Ato
contínuo, instalei-o na moto e fui para a estrada. Os resultados foram
interessantes, principalmente se considerar que eu havia trocado o óleo para um
10W30 (eu ia colocar um 15W40, o que a Suzuki recomenda, mas não encontrei), e
estar usando gasolina Podium (que dizem possuir 90 octanagens), ambos tidos
como sinônimo de aumento de desempenho, mas que falharam no meu caso.
Resultados com o novo
filtro em 5ª marcha:
- Subida 30°: 90-95 km/h,
a 8.000-8.500 rpm.
- Plano/Semi:100 km/h, a
8.000 rpm
- Descida: 110 km/h, a 9.000rpm
Duas
coisas foram dignas de nota:
-
A moto não chegou com a frequência esperada às velocidades máximas, no entanto,
foi notável o ganho de potência nas subidas, indicando que a moto ganhou ‘torque’.
-
Em 4ª marcha, a moto chegou aos 100km/h a 11.000 rpm, sem, no entanto, pedir
marcha (algo típico com o pinhão de 16 dentes).
Quer
dizer, o ar extra conseguiu entrar no motor e fazer o seu papel, na forma de
mais potência, o que é flagrante no cálculo de Potência bruta:
179 x 9,81 x 1000/45 = 39022W/
746= 52,30CV, contra 44,41CV
da configuração anterior da moto (e dessa vez, fiz o teste num pista com aclive
de 3°).
Uma
última impressão que tive é que ‘faltou acelerador’ (a mesma impressão que eu
tinha com o pistão 16), a moto parecia poder ir além, mas simplesmente não
havia curso no manete. Em quinta marcha, a moto nem chegou ao seu limite de
rotação (10.000).
Curioso,
quando retornei, deixei a moto esfriar, e desmontei o filtro e a vela. Estava tudo
regular com o primeiro, apenas alguns grãos de poeira que certamente entraram
pela brecha de um parafuso espanado, já corrigido. Quanto à vela, tinha perdido
o aspecto de queima equilibrada, com o anel de fuligem discreto,
apresentando-se agora ‘limpa’, em tom de cinza. Ou seja, indício de uma mistura
pobre.
Como
minha regulagem de mistura já está no limite, só existe algo a fazer, o que
será matéria de outra postagem.
Quanto
ao filtro, continuarei usando-o, mesmo porque agora, com o período das chuvas,
praticamente não há partículas suspensas no ar, e ele já passou pela ‘prova da
chuva’ no fim da jornada de hoje.
Como
ele é um filtro mais frágil, confeccionei outro de reserva, e guardei o original
para alguma ocasião ‘off-road’, com evidente necessidade de mais proteção.
Sinto
que estou a um passo dos 12,5CV puros, ou melhor, a uma rodada.
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