quarta-feira, 24 de agosto de 2016

CONCEITO CUSTOM 125 NO BRASIL

Enquanto eu me preparo para mais um teste nas estradas, vou tecer alguns comentários sobre uma tendência que tenho observado há décadas. As montadoras de moto subsidiadas no Brasil não têm vocação para produzirem modelos Custom 125 com design dignos do nome.

A Suzuki tem tentado desde 2002 convencer que a Intruder é uma moto custom, quando na verdade ela é “customizável”, ou seja, para ser uma custom de fato, ela precisa ser burilada pela mão dos proprietários.

As primeiras Intruders: as rodas com raios, ficaram para trás com tudo de bom na mecânica da moto. (Fonte: www.intruder125.com.br)


Isso já acontecia com a TS 125 de 1978: uma proposta de custom que passava longe do conceito, até mesmo para uma Intruder, que parece na verdade ser o “clone” de outra moto que veio logo em seguida: a Honda CM125 de 1982.

Honda CM 125 1982: Inspiração para a Intruder? (Fonte:www.motorcyclespecs.co.za)

Suzuki TS125 1978: Impossível ser custom. (www.suzukycycles.org)


Desde então, motos com design custom genuíno, como a Yamaha Virago, produzida com 250, 535 e 1.100cc e a Honda Shadow 600, a partir dos anos 90, por exemplo, já não eram monocilíndricas, e portanto, não se enquadram no nosso objeto de estudo, as customs de baixa cilindrada.

Yamaha XV125S 1997 (Virago) (www.motorcyclespecs.co.za).

Depois dos anos 2000, com a abertura ou reformulação de novas montadoras, fabricantes como a Kasinsky trouxeram modelos custom 150cc que finalmente honraram o conceito, o que a Dafra fez tempos depois com a Kansas, fora de linha em 2015. No entanto, apesar de sua baixa cilindrada (150cc), também não se enquadram na nossa análise.
Kasinski Mirage 150 2010: A redenção (www.motonacmotos.com.br) 


A Intruder seguiu fazendo tímidas modificações, mudando o retrovisor, a posição ou formato do emblema, o modelo dos piscas e farolete traseiro, dentre outros, sem falar nas famigeradas inovações mecânicas como o sistema antipoluição PAIR em 2008 e o carburador mikuni BS25 em 2009, os quais diminuíram o desempenho da moto para atender exigências de emissão de poluentes (da minha parte, eu penso que ao invés de impor essas obrigações aos fabricantes, as governanças deveriam incentivar as pessoas a usarem motocicletas, se não quiserem ou não puderem usar transporte público: o que polui mais – uma pessoa sozinha num carro ou um motoqueiro sozinho na sua moto? Dificilmente eu tenho visto nas ruas carros com sua lotação completa).


Quando postei anteriormente a foto de uma Suzuki Marauder 125 fabricada fora do Brasil, eu questionei a falta de opção de motos com design genuinamente custom com 125cc no Brasil, e reforço este questionamento apresentando essa nova moto, a Keeway Superlight 125 LTD.

A Keeway Superlight 125cc ltd Custom 1999, sua fábrica trabalha em pareceria com a famosa Benelli. Há quase 20 anos, já havia uma custom 125 com design decente.


A Keeway é uma fábrica de origem na Hungria, que tem seu mercado concentrado especialmente na Rússia e em todo mundo, exceto Brasil e EUA. Fica mais esse registro revelando uma indústria motomobilística voltada para o simplismo, a tecnocracia e a ostentação de potência, impondo ao cliente motos feias sem possibilidade de opção.

Ainda bem que há a possibilidade da customização. Mas aqui o carrasco passa ser o Estado: dependendo da intensidade das transformações na moto, o proprietário tem que enfrentar a pesada máquina burocrática dos Detrans. Que seja! Da minha parte, eu não vou andar em algo que não me agrada só porque uma montadora ou o Estado quer. Aliás, eu não faço nada coagido por ninguém, esse é o espírito de liberdade que o motociclismo nos ensina.

A minha Intruder 125 "Black Beauty" customizada: Ao invés de apenas reclamar, busquei opções. Mas o mercado de motos é limitado.

Nos EUA, por exemplo, oficinas de customização onipresentes no país, e creio que as coisas por lá sejam bem mais flexíveis no que diz respeito a burocracia, já que o Estado Norteamericado é rico o suficiente para não precisar extorquir seus cidadãos.

No exterior: customizações radicais, como esta moto equipada com um motor radial.

Se as fábricas falhassem apenas no design seria tolerável, mas falhas mecânicas e estruturais de fábrica tem sido cada vez mais constantes entre quem adquire uma moto nova. Eu já falei do caso da minha antiga Titan 150, e a minha Intruder, com apenas 6.500 km rodados, já mostram os "brindes" da fábrica:



6.500 e vários pontos de ferrugem: ao longo do tempo, comprometimento do chassi da moto.


Falar sobre tudo isso me fez lembrar outra “customização” que eu fiz no ano de 2009 numa YBR que eu tinha, e a tentativa de “customizar” o governo também.


Falarei sobre isso logo após os resultados do próximo teste na estrada.

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