Obviamente, foram necessárias
adaptações para instalar o carburador VM22 numa Intruder 2014. Primeiramente,
removi o afogador do guidão, e desmontei o componente eletrônico. De resto, a instalação
do VM22 se deu sem mais problemas, visto que o chassi da moto permaneceu o
mesmo, e tive que providenciar apenas o coletor próprio do carburador e o cabo
de acelerador específico, que é diferente para o BS25.
Carburador VM22 e seu coletor (à esquerda).
Detalhe de seu afogador ("Choke").
Mas mesmo com cabo de acelerador
próprio, o acelerador ficou com uma folga um tanto grande para a minha
preferência, mas melhorei o que pude na rosca de ajuste junto ao manete, e a
braçadeira que prende o bocal da caixa de ar no carburador (onde acontece o “Macete
do Tubo”) ficou solta mesmo parafusada até o fim: uma incompatibilidade que não
pude prever, felizmente, isso não impediu o funcionamento do motor. De qualquer
forma, vou procurar uma braçadeira que seja capaz de fixar o bocal de borracha
porque quero fazer o referido macete para saber se funciona mesmo ou não.
O VM22 já na moto.
Detalhe: bocal da caixa de ar e braçadeira soltos.
Isso porque, antes de montar o
VM22, logo de cara já levantei a agulha do pistonete – o VM22 não é um
carburador perfeito, e como já foi dito, as fábricas erram muito mais do que
acertam. A agulha apresenta três níveis nos quais é presa sua trava, o mais
baixo deles permite uma maior passagem de gasolina na mistura, enquanto que a
posição intermediária, logicamente, produz uma mistura mais pobre, “amolecendo”
a moto.
Então, se há uma admissão maior
de combustível, é necessário uma maior admissão de ar para que a mistura seja
equilibrada e melhore o desempenho da moto.
É aí onde entra o “Macete do
tubo”: se eu ainda não falei sobre isso, segundo dizem, a saída da caixa de ar
que é conectada ao carburador possui uma forma que “estrangularia” a passagem
de ar, acrescentando mais um fator no desempenho medíocre da moto (seria outra
falha de fábrica). O dito macete nada mais é do que recuar o bocal do tubo na
sua conexão com o carburador, algo como 4 mm. Com mais combustível e mais ar, e
com a devida regulagem do parafuso de mistura na parte de baixo do carburador
(VM22), finalmente o motor tem uma alimentação adequada para o acréscimo de potência.
Infelizmente, não consegui fazer
o Macete do Tubo. Por alguma razão, o carburador fica muito mais recuado em
direção ao bocal da caixa de ar, e somente com um grande esforço, que acabaria
deformando a borracha do tubo, seria possível recuar o bocal da conexão com o
carburador.
Como eu havia dito, saí em busca
de uma braçadeira para fixar devidamente o bocal no carburador. O modelo da
braçadeira de 2 polegadas que veio de fábrica não deu aberto suficiente, então a
ligação com a admissão de ar estava frouxa, sob risco de captar ar diretamente
do ambiente e levar resíduos para dentro do motor.
Diferença entre as braçadeiras: a de fábrica (direita) não concluiu o aperto do bocal da caixa de ar no carburador, deixandoo brechas, resolvidas pela braçadeira da esquerda.
Então comprei a mesma braçadeira
de 2 pol. do mesmo modelo daquelas usadas nas mangueiras de jardim, com
parafuso de rosca sem fim e a usei: finalmente o carburador ficou devidamente
instalado.
Mas isso ainda não é tudo. Como
foi dito, o carburador BS25 funciona à vácuo e com um sensor de posição de
válvula e borboleta. Bem, a borboleta no caso do VM22 funcionará
independentemente de qualquer coisa, então restam as válvulas – espero que o comando
de válvulas do motor seja suficiente para o funcionamento das válvulas
prescindindo do TPS, que vai ser removido.
Foi exatamente o que aconteceu. O
carburador é como o “pulmão” da moto, ele apenas oxigena o sangue e o joga para o
coração, o motor. Como o motor da Intruder em si não sofreu alterações, seja no
bloco, na “parte de baixo” e seus componentes, o que mudou na moto foi o
seguinte com um carburador mais antigo:
- O barulho: deixou de ser “clean”,
suave, e se tornou mais “clássico”, com as Intruders antigas. O som da
aceleração lembra o de um trator ou blindado, logicamente, guardadas as
potências.
- Desempenho: Fui para a rodovia
e dei tudo o que tinha. Em termos de velocidade final, permaneceu a mesma
coisa, 100 km/h a mais ou menos 8.500 rpm na pista semi-plana, mas ficou mais potente nas retomadas
e alongou as marchas fortes.
- Economia: Ainda não foi
possível mensurar, pois preciso encher o tanque e zerar o odômetro parcial,
além do que existe ainda um outro fator envolvido que pode interferir no
cálculo: a mudança do pinhão 15 para o de 16 dentes.
- Marcha Lenta: o VM22 alcança
uma rotação ideal (1.000 – 1.500 rpm) com muito mais facilidade do que o BS25.
- Economia: Ainda não foi
possível mensurar, coloquei 5,18 l de gasolina e zerei o odômetro parcial, além
do que existe ainda um outro fator envolvido que pode interferir no cálculo: a
mudança do pinhão 15 para 16, o que será tratado em breve.
Finalmente, resolvi outro detalhe
que estava me incomodando: a folga excessiva do acelerador. Eu simplesmente não
consegui entender como isso foi possível, uma vez que os cabos da Yes 2007 e da
Intruder 2010 em diante possuíam o mesmo comprimento.
Enfim, tentei fazer o
seguinte: esticar o conduíte do cabo, afastar o manete do acelerador em direção
ao peso do guidon, mudar o cabo dentro da caixa do manete para o engate mas
recuado, mas nada funcionou: a moto funcionava em superaceleração,
principalmente quando o guidon é virado à esquerda.
Foi então que tive uma ideia:
resolvi a manopla do acelerador e abri um encaixe intermediário entre os dois
existentes. Foi um sucesso: a moto não alterou a marcha lenta como nas medidas
anteriores, não alterou a aceleração em posição de repouso em nenhuma das
direções do guidon, e reduziu a folga de cerca de uma polegada (2,54 cm) para 1
cm, o que considero razoável.
Esboço do procedimento que fiz para compensar a folga no cabo do acelerador.
Agora é pegar a rodovia e
mensurar o desempenho geral da moto.
Antes de passar para esse tópico, contudo, vamos discorrer um pouco mais sobre a relação diâmetro x curso do pistão.
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